NEGRO - FORÇA E FÉ
NEGRO - FORÇA E FÉ
Foi minha primeira viagem à Bahia (2014). Eu escolhi exclusivamente o dia 2 de fevereiro para poder passar o Dia de Iemanjá lá. Comentaram sobre as festividades desse dia e já na madrugada acordei, por volta das 3h, para me encaminhar até o bairro do Rio Vermelho, onde a celebração de Iemanjá é tradicionalíssima. As pessoas praticamente não dormem do dia 01 para o dia 02 e é uma verdadeira festa para saudar a rainha dos mares.
Ao chegar na praia do Rio Vermelho, já avistei muitos terreiros com suas tendas montadas e os rituais de fé acontecendo concomitantemente em meio à uma fila enorme de fiéis com suas oferendas nas mãos. O local todo exalava alfazema. Desde as águas que continham muitos barcos saindo com turistas e pessoas locais que faziam questão de entregar a oferenda em alto mar, até a areia da praia que quase não sobrava espaço de tanta gente.
Até hoje sinto o cheiro ao lembrar do local. Com a Câmera em punho, as fotos foram naturalmente sendo feitas.
Eram muitos fotógrafos retratando a mesma coisa que eu, o que me deixou insegura quanto à novidade do tema. Mas me senti fortemente levada por aquela energia, aquela fé que trazia desde o cidadão mais humilde até o mais abastado de Salvador para lá. Todos pelo mesmo motivo. Flores brancas, cestas com bonecas, imagens de Iemanjá, espelhos e até bolos. O tamanho das oferendas pareciam representar o valor da fé de cada um.









Ao sair dali, já pela manhã, peguei um barco e fui para a Ilha de Itaparica. Lá outras celebrações acontecem. Vários centros espíritas e terreiros levam suas oferendas à Iemanjá, em uma menor proporção se comparado ao Rio Vermelho, porém, não menos fiel. Acompanhei pessoas recebendo entidades, como já tinha presenciado pouco antes em Salvador, ao levar suas oferendas ao mar. Vi também barcos sendo carregados com cestas de flores que seriam levadas em alto mar. Era uma movimentação de idosos, jovens e crianças. Todos em prol da mesma crença.
Ao voltar para Salvador, já era noite e o trajeto de barco da Ilha até a capital foi de 40 minutos. No barco, o cheiro de alfazema subia muito forte e as águas denunciavam o que tinha ocorrido ali. Oferendas boiavam à espera de serem levadas pela rainha do mar.




